António Jorge Gonçalves

a ASA/LEYA decidiu fazer nova edição da trilogia Filipe Seems, que eu e o Nuno Artur Silva criamos há 30 anos. Estou grato por estes livros que foram o início (longínquo) de um caminho poderem ter uma nova vida. Os originais foram digitalizados de novo com tecnologia recente (permitindo melhor reprodução das cores), o texto foi revisto, novas capas e material inédito foi criado e algumas páginas tiveram de ser redesenhadas porque os originais tinham desaparecido: fui falsário de mim próprio, a redescobrir técnicas de desenho e pintura que deixei de usar há décadas. Por fim, a escolha do papel e o formato generoso deixam-nos mais próximos dos desenhos originais.

DITA DOR é uma novela gráfica que se inspira na minha infância durante a ditadura. Há anos que ando com este livro na cabeça, porque quero deixar à minha filha impressões sobre o país triste e severo em que nasci. No ano passado encontrei a oportunidade para me focar nele, por causa do convite que o departamento de edições da Assembleia da República – pelas mãos da Sara Ludovico e Teresa Paulo – me fez para integrar a coleção MISSÃO:DEMOCRACIA dirigida sobretudo aos mais novos. É uma alegria fazer parte desta coleção, tão bem pensada pela Dora Batalim, que integra autoras e autores que muito admiro.

A editora catalã ALMA propõs-me o ano passado ilustrar a sua edição do LIBRO DEL DESASOSIEGO do Pessoa, que segue a versão portuguesa do Jerónimo Pizarro . Este livro acompanhou-me os passos nos anos oitenta, quando habitava o meu primeiro atelier na Rua dos Douradores. Chegou-me agora às mãos.