when the world is called from the top of the mountain
the world answers with many voices
O projecto VOZ E GUITARRA juntou em estúdio cantores e guitarristas para registarem um conjunto de canções portuguesas da última década. Na intimidade simples destas interpretações, procurou-se destacar o peso das palavras, a respiração, o diálogo das cordas humanas com as cordas da guitarra. Participar neste conjunto de gravações como “voyeur” foi uma experiência única: no par de horas – que cada canção levou a ser registada – pude presenciar e desenhar o talento em bruto, sem rede, de artistas que muito admiro. Fechado dentro da cabine de gravação, escutando simplesmente a acústica das vozes e guitarras sem terem passado sequer pelos microfones, procurei guardar a força com que a emoção habitou a flor dos lábios e as pontas dos dedos.
O tempo do trabalho de atelier é o tempo da natureza: lentidão exasperante com apontamentos de súbita surpresa. É um labor dedicado à procura da preciosidade, de um fazer sentido. Nunca fui amante de noitadas de trabalho em cima de finais de prazo (cafeína não, muito obrigado, o último café que tomei foi em 1998). Guardo-me para os acessos de adrenalina em cima de um palco (esses sim, preciosos). Os meios digitais parecem incitar à velocidade e ao imediatismo, mas a verdade é que as melhores soluções tenho-as encontrada numa sucessão de operações analógicas depois cosidas no computador (fazer primeiro e pensar depois). Vêm-me estas ideias à cabeça, por causa deste desenho começado há mais de 2 meses que encontra agora, calmamente, a sua configuração final.